quinta-feira, 20 de janeiro de 2011



Não posso dizer que sei como é. Não posso dizer que sei que é real. Não posso dizer que já senti aquilo, porque nada disto faria sentido. Não, não posso viver sem isto. Mas, como é que eu irei encontrar alguém que me faça sofrer dessa maneira? Como, como é que se destrói um coração? Como é que se queima a alma de alguém? Como é que se faz para que as lágrimas não sejam silenciosas? Como é que se aguenta quando não há nada suficientemente importante para nos fazer ficar, mas também não há nada que nos faça morrer? Como, como é que segura algo em que não podemos tocar? Como é que se ama algo que nunca ganhará corpo na nossa mente? Como, com é que se aquece o gelo sem o derreter? Como é que se cria um fogo dentro do nosso corpo? Como, como é que alguém consegue amar, provando o sabor do vazio quando a paixão nos consome? Como, como é uma pessoa se cura de uma doença que nunca existiu? Como é que se faz a nossa cabeça parar de pensar? Como é que se cria um corrente de lágrimas quando todo o sal acabou? Como é que se faz uma pedra apaixonar-se?
Podia inventar mil desculpas para o fazer, mas o meu corpo rejeitava-as todas. Podia fingir que o mundo é perfeito e que as coisas são todas espectaculares e podia dizer o quanto eu adoro estar aqui. Agora, tudo me soa a tretas, parece que estou envolta num manto de mentiras, num lugar onde ninguém será capaz de encontrar, num lugar onde ninguém me quer encontrar. Desejei flutuar, esquecer o frio, esquecer quem sou, esquecer o que eu sou. Apenas recordar tudo o que me fez feliz.
Nada, nada é tudo o que me podem dar. Quero a calma, quero a paz das águas, Quero a força, quero a melodia do ar. Quero a chama, quero a luz do fogo. Quero a paixão, quero o amor da terra.
Não consigo dizer que já passei por isso, mas sou capaz de senti-lo.